Pessoa mexendo em computar onde a tela mostra a frase Scrum Master

Com a popularização do termo, vemos um crescimento exponencial na oferta de empregos e de pessoas se apresentando como Scrum Master no LinkedIn. Mas você já parou para pensar a fundo o que faz

um Scrum Master dentro de um time que aplica a metodologia e vive o Scrum? Vamos destrinchar o Scrum Guide para entender a fundo qual é o papel desse profissional nas organizações e como estão transformando o mundo do desenvolvimento ágil de software.

Entendendo Scrum

Já bastante conhecido e difundido na indústria de software, o Scrum é “ um framework para desenvolver, entregar e manter produtos complexos “ que incorporam uma série de papéis, eventos, artefatos e regras que buscam ajudar pessoas a resolver problemas de forma produtiva e criativa.

Scrum Guide

O Scrum Guide, é um guia escrito e mantido por Ken Schwaber e Jeff Sutherland, criadores do framework, define como valores do Scrum o comprometimento, a coragem, o foco, a transparência e o respeito que, quando vividos ativamente pelo time, constroem os pilares da transparência, inspeção e adaptação nos quais o framework é baseado.

Como é um time Scrum?

O Scrum Guide define que times Scrum são formados por um Product Owner (PO), o Time de Desenvolvimento e um Scrum Master (SM), e uma das primeiras citações do guia ao SM vem justo na definição do Time de Desenvolvimento: “ Ninguém (nem mesmo o Scrum Master) diz ao Time de Desenvolvimento como transformar o Backlog do Produto em incrementos de funcionalidades potencialmente liberável;

Ou seja, é responsabilidade do time entender como transformar o backlog (criado pelo PO) em funcionalidades entregáveis.

Mas se o SM não diz ao time o que fazer (papel do PO), nem como fazer (papel do Time) então, qual é o papel dele? O que os valores tem a ver com as atividades do dia a dia? Para entender melhor essas questões, vamos pegar a definição do Scrum Guide e destrinchar, parte a parte. Vamos lá! Entendendo o que faz um Scrum Master

“O Scrum Master é responsável por promover e suportar o Scrum” Guia Scrum.

Conforme Willem-Jan Ageling demonstra neste artigo, o papel do SM tem evoluído ao longo dos anos e esta frase em específico foi alterada na última revisão do guia para dar uma visão melhor sobre o papel.

Onde antes se lia: “ garantir que os valores, práticas e regras do Scrum sejam promulgados e aplicados.”, hoje temos promover e suportar, ou seja, evoluímos de alguém que impõe para alguém que guia e, por isso, promover e suportar o Scrum tem foco total em garantir que o time entenda e pratique os valores e princípios do Scrum, respeitando as cerimônias e buscando a inspeção e adaptação contínua a cada interação sem imposição ou ameaça, mas por meio do reforço do valor de comprometimento do time com as entregas e com o guia.

“O Scrum Master faz isso ajudando todos a entenderem a teoria, as práticas, as regras e os valores do Scrum.”

Promover e suportar o Scrum fazendo com que todos entendam a teoria, simples não? Mas um papel ser responsável por fazer os outros entenderem a teoria, as práticas, as regras e os valores… hum, isso parece meio estranho, certo?

Parece que nesse trecho o guia coloca o SM como aquele fiscal de pátio que ficava, no intervalo, olhando se as crianças estão se comportando e, ao primeiro sinal de deslize, pega pelo braço e leva para a diretoria (pelo menos na minha época era assim). Teorias e regras são algo que podem ser ensinados de forma bem direta, já práticas e valores, são definições bastante subjetivas, que precisam ser vividas para serem incorporadas pelo time e por todos os envolvidos no processo.

Por isso, entendo que aqui entra o papel de formação da cultura organizacional que Chiavenato define como (1999, p. 138), “ o conjunto de hábitos e crenças estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhados por todos os membros da organização”. Parece que combina, né?

Quando o time entende e pratica o Scrum no seu dia a dia, as cerimônias se tornam parte do do time e os valores do Scrum (comprometimento, coragem, foco, transparência e respeito) bem, como diz o guia, “são incorporados e vividos pelo Time Scrum” na forma de uma cultura forte e aberta.

“O Scrum Master é um servo-líder para o Time Scrum.”

Liderança servidora é uma teoria moderna que pode ser definida como “ princípios complementares ao líder como agente de mudança e de motivação, por meio do relacionamento com o grupo e o comprometimento com cada membro do time” (CRUZ; FREZATTI; BIDO, 2015; LINO; SILVA, 2011 FERRAZ, 2015). Deste ponto de vista, o líder não está a frente do time, dizendo o que fazer, como fazer, etc. mas este se posiciona junto ao time, aplicando técnicas e estratégias que fomentam as discussões e facilitam a tomada de decisão pelo time.

“O Scrum Master ajuda aqueles que estão fora do Time Scrum a entender quais as suas interações com o Time Scrum são úteis e quais não são.” Aqui entram as habilidades de comunicação e negociação do SM, para levar às pessoas que não vivem a cultura do time o entendimento e o respeito necessários aos princípios e regras do Scrum, mesmo quando isso significa dizer não para um cliente importante, ou mesmo para o PO que quer incluir itens durante a sprint.

“O Scrum Master ajuda todos a mudarem estas interações para maximizar o valor criado pelo Time Scrum”

Avaliando quais interações são necessárias e irão maximizar o valor gerado pelo time, o SM pode cumprir seu papel em relação ao PO, ao Time e à organização. Uma frase famosa de Peter Drucker diz que “ Não existe nada mais inútil do que fazer com grande eficiência coisa que não deveriam ter sido feitas. “. Cabe portanto, ao SM, avaliar se as reuniões, questionamentos, avaliações ou qualquer outra coisa que pessoas externas ao time possam exigir, fazem sentido para a entrega de valor que o time espera ao término da sprint.

Desta forma, o SM tem um papel fundamental no time Scrum pois, como líder servidor, ele possui responsabilidades e deveres com todos os envolvidos no processo de solução dos problemas, como agente de mudança da cultura, compartilhando os valores e fortalecendo a cultura de transparência, inspeção e adaptação, além de remover impedimentos e aplicar conceitos e ferramentas para a evolução do time em busca da solução dos problemas complexos.

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